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Serviço Ministerial do Louvor (1 Co 14)



Quando o apóstolo Paulo escreveu a primeira Carta aos Coríntios, sua intenção era levar a igreja ao crescimento pelo entendimento da mensagem de Cristo, direcionando-a para plena unidade (1 Co 1:9-10). A mensagem recebida pela fé não deveria ser distorcida, diversificada, ou amoldada a padrões mundanos, mas, sim, orientar para a comunhão e edificação mútua. A carta apresenta inúmeras instruções e advertências, no sentido de mostrar à igreja o caminho para a santificação: a separação das práticas pagãs e idólatras; a renovação, pela influência da mensagem da cruz no estilo de vida; e a consequente transformação no modo de pensar e agir, dentro e fora da igreja (2 Co 5:17).

Nesse espírito, sem entrar no mérito da existência e validade de dons espirituais nos dias atuais, gostaria de extrair alguns princípios expressos em 1 Co 14, que dizem respeito ao culto, sua ordem e propósito, com a finalidade de contribuir para o crescimento na atuação dos servos do louvor e para a edificação da igreja.

“‘Tudo é permitido’, mas nem tudo convém. ‘Tudo é permitido’, mas nem tudo edifica. Ninguém deve buscar o seu próprio bem, mas sim o dos outros.” (1 Coríntios 10:23-24)

Destacando versículos:

  • 1 Co 14:1 – buscar com dedicação o dom da profecia (nobre por levar benefícios à comunidade).

  • 1 Co 14:3/31 – propósitos: edificar; encorajar e consolar.

  • 1 Co 14:4 – ação para a comunidade, não para si (línguas).

  • 1 Co 14:7 – música (notas, escalas); formações harmônicas e melódicas (distinção entre as notas e os timbres dos instrumentos).

  • 1 Co 14:8 – precisão (habilidade). Para o entendimento.

  • 1Co 14:12 – o propósito de querer “crescer em dons” deve ser a edificação (vontade de servir o outro).

  • 1Co 14:15 – não é só “emoção”, mas razão (técnica, habilidade, propósito).

  • 1 Co 14:16-17 – Na igreja, deve-se buscar a edificação do próximo (crente e descrente). Dons que tragam benefício aos outros.

  • 1 Co 14:22-25 – Produção de frutos (evangelismo, confissão, arrependimento, conversão, fé, adoração).

  • 1 Co 14:29 – busca da verdade.

  • 1 Co 14:37 – mandamento, não opção.

  • 1 Co 14:40 – ordem, organização, planejamento.

Na comparação que Paulo faz entre os dons de profecia e línguas, e sua expressão na igreja em Corinto, alguns princípios importantes acerca da postura do crente em seu meio e para com os “de fora” (não crentes) são evidenciados, e podem ser úteis para o aprimoramento do serviço do louvor.

A busca pelo “crescimento espiritual” deve ser empreendida com o propósito da edificação, do encorajamento e do consolo da comunidade, ou seja, com a clara intenção de servir os outros, contribuindo para que todos possam crescer em entendimento e capacidade de exercer os seus dons em benefício do corpo (1 Co 12:7). Os “melhores dons” (1 Co 12:31), segundo Paulo, são aqueles que trazem benefício para a comunidade, e a sua busca e ocorrência devem ser direcionadas pelo amor (ágape) ensinado por Cristo (14:1-3); o amor de entrega, o “novo mandamento” apresentado por Jesus aos seus discípulos (Jo 13:34).

Paulo indica, ainda, que a prática do dom, além de estar alinhada ao propósito da edificação, exige empenho, habilidade, precisão, organização, e ordem; elementos que sugerem certo zelo, para que a mensagem seja racionalmente apreendida e espiritualmente discernida, causando o arrependimento, salvação e crescimento (1 Co 14:24-25).

Sendo assim, apesar de toda emoção que pode estar envolvida no momento do louvor entoado em um culto, o exercício desse serviço deve ser planejado; organizado; trabalhado; “ordenado”; exigindo dedicação e empenho, individual e coletivo, para o desenvolvimento das habilidades necessárias para que a música seja ministrada com conteúdo, beleza, força e clareza, propiciando, assim, discernimento e condições para o alcance do verdadeiro objetivo.

O Espírito atua em cada um conforme a vontade de Deus (1 Co 12:11), mas cabe ao servo o desejo e a atitude de desenvolver as aptidões e talentos confiados pelo Senhor (Mt 25:20-21), orientando-os da melhor maneira, para o "caminho" ideal (1 Co 12:7/14:26).

O servo de louvor deve atuar com desprendimento, humildade e empenho, não esperar recompensa ou reconhecimento humano pela sua servidão, mas sim, considerá-la um privilégio. A busca por aprimoramento individual, musical e espiritual deve ser encarada como um dever em benefício da edificação e crescimento do corpo e para o Senhor.

"Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos.

Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus," (Filipenses 2:3-5 - NVI)