Servindo a Deus

“Jesus os chamou e disse: ‘Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo ...’” (Mt 20: 25-27)
O desejo sincero, puro, de servir em algum ministério, segundo os propósitos de Deus, é louvável. No entanto, é preciso avaliar as motivações para que o propósito não seja desvirtuado, trazendo consequências desastrosas, tanto para quem o empreende, como para os que estão próximos. Se o exercício de servir traz à tona orgulho, arrogância, ganância, competitividade, impetuosidade, rivalidades e coisas semelhantes, tal pessoa não está apta para esta obra (At 8:18-19).
Em seu ministério, Jesus passou tempo integral com seus discípulos e lhes foi atribuindo responsabilidades aos poucos. Na verdade, as maiores vieram após sua morte e ressurreição (Jo 14:12/ At 2:40-42). Ele foi o maior exemplo, tanto de liderança como de servidão (Jo 13:13-17). Para quem consegue exercitar o amor de Cristo, seja no seu dia a dia, seja no serviço ministerial, encontra grande paz e entendimento em Deus (Jo 14:26-27).
“Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo. Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dons de curar, os que têm dom de prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas. São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Têm todos o dom de realizar milagres? Têm todos dons de curar? Falam todos em línguas? Todos interpretam? Entretanto busquem com dedicação os melhores dons.” (1 Co 12:27-31)
Para que a igreja seja um corpo saudável, cada um deve fazer a sua parte, por menor ou menos importante que pareça. Para Deus, não há atividade mais importante ou menos importante, mas, sim, um coração certo para realizar qualquer atividade (Cl 3:23-24). No entanto, quando estamos presos a padrões desse mundo, fazemos distinções e julgamentos; ficamos insatisfeitos quando não somos reconhecidos da forma que julgamos merecer, comparamos-nos com outros elevando nosso desempenho e menosprezando o poder de Deus em suas múltiplas formas; acreditamos haver ministérios mais ou menos importantes; assim como atribuímos valor às pessoas pela sua atuação (boa ou má) em cada atividade; mas, assim diz o Senhor:
“Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diferentes tipos de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos. A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando o bem comum.” (1 Co 12:4-7)
A verdade de Deus é única. Pode haver muitas formas de atuar em prol da igreja, como diz a escritura, no entanto, o Espírito de Deus deve estar presente sempre; assim, também como em tudo o que fizermos. Devemos ser movidos pelo Espírito, transformados, renovados, para que possamos ter uma “mentalidade cristã”, uma forma de pensar e agir voltada para Deus, para a sua palavra e justiça. É preciso abandonar todos os velhos hábitos: julgamento; impetuosidade; impaciência; orgulho; arrogância; egocentrismo; individualismo; trocando-os pelos atributos do Espírito: amor; perdão; misericórdia; generosidade; humildade; paciência; dessa forma, onde estivermos estaremos agindo segundo a imagem de Deus.
“No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4:23-24)
A verdadeira adoração é, antes de qualquer coisa, pessoal, “em espírito”, expressa em nosso relacionamento pessoal com Deus e em nossa “luta interna” contra a carne; e “em verdade”, expressa em nosso relacionamento com o mundo e com os outros. Não se dá em um lugar específico (denominação; templo; monte; etc); e nem através de uma atividade específica (louvor; liderança; discipulado; evangelismo; etc); mas, sim, pela sinceridade e intensidade na busca de conhecer e estar com Deus (oração; estudos bíblicos; reflexão; confissão; etc), e pela forma como nos relacionamos com as pessoas, dispostos a levar os frutos desse relacionamento com o Pai. Se enquanto faço a limpeza do local de culto penso: “Que esse local possa ficar agradável para que meus irmãos e os convidados se sintam em casa, e que isso agrade ao meu Senhor”, o espírito está presente; no entanto, se enquanto louvo penso: “Esse irmão ao meu lado não canta tão bem quanto eu, era melhor que saísse do coral”, a carne está presente, e minha “adoração” não é para Deus.
Se perceber um pecado ou algo que possa desagradar a Deus em meu irmão, não devo “atirar a primeira pedra” (Jo 8:7), mas sim, falar com amor e mansidão, diretamente com ele, oferecendo conselho com base na palavra de Deus, e não em preceitos mundanos ou opinião própria. Se esse irmão muda ou não, isso não deve afetar minha fé ou procedimento, mas, simplesmente despertar em mim o desejo sincero de orar para que ele vença a sua luta. Cristianismo não é uma doutrina expressa por um conjunto de regras que devem ser impostas para que todos vivam como máquinas que não podem para de operar, mas, uma nova forma de ver a vida, com novos valores e objetivos, que quando colocados em prática devem nos transformar e causar impacto nos que estão à nossa volta.
“Portanto, deixemos de julgar uns aos outros. Em vez disso, façamos o propósito de não colocar pedra de tropeço ou obstáculo no caminho do irmão.” (Rm 14:13)
“Cada um de nós deve agradar ao seu próximo para o bem dele, a fim de edificá-lo. Pois também Cristo não agradou a si próprio, mas, como está escrito: ‘Os insultos daquele que te insultam caíram sobre mim’.” (Rm 15:2-3)
“Portanto, aceitem-se uns aos outros, da mesma forma que Cristo os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus.” (Rm 15:7)
É preciso tomar muito cuidado com o que diz respeito ao “legalismo”; à “humanização” dos preceitos divinos; à falta de observação aos atributos do espírito em benefício de uma “cultura da excelência”. Podemos criar uma forma de pensar e agir “intermediária”, um misto de cristianismo e de valores que o mundo coloca como necessários; em resumo: (ideias cristãs + regras humanas = cultura da excelência). Por muitas vezes agimos sem misericórdia e amor entre nós, preferimos estabelecer padrões elevados para nossos irmãos, esquecendo-nos que todos somos pecadores. Se sou pontual e meu irmão não é, não posso condená-lo; se me visto com camisa social e gravata e o meu irmão está de sandália, não posso julgá-lo; se a mensagem anunciada no culto é rapidamente absorvida e colocada em prática na minha vida, enquanto meu irmão é lento para aprender e mudar, não posso ser impetuoso ou impaciente; afinal, o Senhor é paciente para conosco (2 Pe 3:9). Cada um têm seus pontos fracos e fortes, e é pelo exemplo no convívio que poderemos ajudar na transformação dos nossos irmãos.
“Vocês negligenciam os mandame